Brasil

Boa Vista sente o impacto da imigração venezuelana

Enquanto índios do país vizinho pedem dinheiro e vendem artesanato, mulheres se prostituem nas ruas da capital de Roraima

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Sem opção. Jovens dizem que trabalhavam como médicas e enfermeiras - Marcos Alves/31-11-2016

BOA VISTA — Inicialmente restritos a Pacaraima, cidade localizada na fronteira entre Roraima e a Venezuela, os impactos do grande fluxo de imigrantes nos últimos meses também passaram a ser sentidos na capital Boa Vista. Enquanto grupos de índios venezuelanos pedem dinheiro ou vendem artesanato nos semáforos, jovens mulheres deixaram o país comandado por Nicolás Maduro para se prostituírem do lado de cá.

Das mais diversas tribos e regiões da Venezuela, os índios dormem no grande galpão sem paredes, onde é realizada a Feira do Passarão, um mercado popular de hortifrutigranjeiros. Logo após os comerciantes fecharem as bancas, famílias inteiras esticam papelões pelo chão ou penduram redes nas colunas. Torneiras usadas pelas barracas de peixe acabam improvisadas como chuveiro.

Orlando Martinez, de 38 anos, gastou três dias de viagem de sua comunidade indígena na Venezuela até Boa Vista. Ao lado de filho, mulher, nora, neto e mãe, dorme numa barraca de bananas. Durante o dia, vende bolsas, redes e outros artesanatos em semáforos.

— Vou ficar até vender tudo e juntar dinheiro para comprar arroz e açúcar. Aí, voltamos para casa — conta Orlando.

Também na região da Feira do Passarão, jovens se prostituem em plena luz do dia.

— Cheguei no Brasil há 4 meses. Queria emprego, não consegui e comecei a fazer programas — conta a morena de 22 anos, que se apresenta como Ângela.

A jovem diz que trabalhava no Aeroporto de Caracas antes de mudar para o Brasil:

— As garotas têm profissão. São enfermeiras, médicas. Na Venezuela, não há dinheiro. As pessoas se matam por comida.

Ela diz fazer entre dois e três programas por dia. O preço varia entre R$ 70 e R$ 200, a depender do tempo de duração.

De acordo com a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB), a situação é “preocupante” porque também há aumento na procura de atendimento em unidades de saúde e por matrículas em escolas:

— A gente não tinha em Boa Vista mulheres se prostituindo nas ruas. O cálculo é que existem 30 mil venezuelanos na cidade.

Para tentar conter a chegada de venezuelanos a Boa Vista, há duas semanas o governo de Roraima montou uma barreira de cadastramento de imigrantes na saída de Pacaraima.

— Acho que a PF (Polícia Federal) teria que ser mais rigorosa no controle da entrada do país — afirma a governadora Suely Campos (PP).

Até outubro, a PF realizou 445 deportações de venezuelanos em situação irregular. No ano passado inteiro, foram apenas 45.

Venezuelanos chegam em massa ao Brasil

  • A entrada dos venezuelanos em Pacaraima é liberada. É possível chegar até a cidade sem apresentar qualquer documentoFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

  • Todos os dias venezuelanos chegam a Pacaraima, cidade brasileira de 12 mil habitantes na fronteira de Roraima com a VenezuelaFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

  • Varandas de casas desocupadas e até o terminal de ônibus da cidade servem de abrigo.Foto: Marcos Alves / Agência O Globo

  • Katicia Roja, de 40 anos, dorme em uma varanda com seus quatro filhos, sua irmã e um neto recém-nascidoFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

  • É comum ver crianças venezuelanas pedirem comida nas ruas de PacaraimaFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

  • Durante o dia, os imigrantes trabalham descarregando carretas com mercadorias que chegam de Boa VistaFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

  • Os comerciantes oferecem R$ 15 por carreta, mas também pagam com produtosFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

  • Por causa da desvalorização da moeda, os venezuelanos são obrigados a trazer malas de dinheiro para comprar os produtos locais. Um real vale R$ 520 bolívaresFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

  • Um grupo de indígenas veio para o Brasil tentar conseguir dinheiro e voltar em 15 dias para casa. A panela de arroz serve dez pessoasFoto: Marcos Alves / Agência O Globo

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9 comentários

  • Fernando Gomes

    Foi esse modelo de governo que o L_U_L_@_D_R_@_O e seus P_E_T_R_A_L_H_A_S tentaram implantar no Brasil!

  • Fernando Gomes

    As duas barangas, da foto acima, cobram de 70 a 200 reais? Se fossem gostosas, cobrariam um salário mínimo? Kkkkk...

  • Isidorio Araujo da Silva

    Ainda bem que uma boa parte do Povo Brasileiro NÃO aceitou esse sistema de Governo implantado pelos Ditadores HUGO CHAVES ,(depois o MADURO), FIDEL CASTRO) ,depois o seu IRMÃO, o INDIO EVO MORALES, e me parece que no EQUADOR também existe um Ditador no Comando., que conseguiram destruir os seus Países com as promessas de igualdade entre os seus moradores. Mas esse tipo de Governo, só melhora a vida deles e de seus capachos.,que batem palmas pra eles.

  • Batman Sunda dos Santos

    aí lula,, o projeto de vocês pro Brasil... tu estás rico e solto,,, pra tu,,, deu certo, sr. pixuleco.

  • Maria Madalena Riot

    E como domestica? Ou atendente em loja? sei la , acho que prostituicao nao deve dar muito dinheiro nesse local

    • Jorge da Silva Dantas

      Mais importante que o dinheiro, as pessoas estão vendendo as suas dignidades em troca de sobrevivência. Esse é o legado de um país decadente, insensível com a situação dramática em que seu povo se encontra. Infelizmente em nosso país, ainda existe pessoas que defendem essa ideologia suicida.

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