UOL Notícias Internacional
 
30/09/2010 - 20h42

Países apoiam Correa e criticam suposto golpe; fronteiras são fechadas

Do UOL Notícias*
Em São Paulo

A Organização dos Estados Americanos (OEA) e diversos países da América anunciaram nesta tarde seu repúdio a “qualquer tentativa de alterar a institucionalidade democrática no Equador”, em resposta ao motim policial que fechou aeroportos e isolou o presidente nesta quinta-feira (30).

Após reunião extraordinária para discutir a crise política, os países representados na OEA aprovaram uma resolução afirmando que o organismo “defende decididamente o governo constitucional do presidente Rafael Correa da República do Equador em seu dever de preservar a ordem institucional e o estado de direito”.

O Mercosul, bloco econômico formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, condenou "energicamente todo e qualquer tipo de ataque ao poder civil legitimamente constituído e à ordem constitucional e democrática do Equador", segundo nota do Itamaraty.

"As ações representam clara tentativa de sublevação constitucional por setores das Forças de Segurança daquele país", diz o comunicado.

O bloco reiterou que o Equador faz parte do Protocolo de Ushuaia de Compromisso Democrático do Mercosul e que, por isso, exige o imediato retorno de sua normalidade constitucional.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse que Bogotá fechou sua fronteira com o Equador. O fechamento da fronteira colombiana foi anunciado após o fechamento da fronteira do Peru, realizada horas antes.

"Eu conversei com (o presidente do Peru) e os dois países decidiram fechar as fronteiras com o Equador como um sinal político de solidariedade com o presidente (Rafael) Correa e com a democracia do Equador", disse Santos a repórteres antes de embarcar para a Argentina para uma reunião extraordinária da Unasul (União de Nações Sul-americanas), que discutirá a situação no Equador.

Brasil
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, que se encontra em visita ao Haiti, comunicou-se com seu colega do Equador, Ricardo Patiño, para expressar-lhe "solidariedade" com o governo e "a democracia" dessa nação.

Saiba mais sobre o governo do
presidente Rafael Correa no Equador

  • Rafael Vicente Correa Delgado, "humanista cristão de esquerda", como ele mesmo se considera, nasceu em 6 de abril de 1963 numa família de classe média de Guayaquil. Conseguiu bolsas para estudar nos Estados Unidos, onde se formou economista. Foi vice-presidente e Ministro da Economia e Finanças de Alfredo Palácio, que substituiu Lucio Gutiérrez, deposto do poder pelo Congresso. Foi eleito presidente em 2006, após derrotar o magnata Álvaro Noboa.

    Diferente da postura dos governantes anteriores a Alfredo Palácio, Correa procurou reduzir a dependência econômica do Equador em relação aos Estados Unidos e alinhou o país à Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas), da qual fazem parte Venezuela, Bolívia --dos seus aliados Hugo Chávez e Evo Morales--, entre outros países.

    Na presidência, adotou uma política nacionalista, de fortalecimento do desenvolvimento interno. Reviu contratos com multinacionais do petróleo, renegociou a dívida externa e se posicionou contrariamente à assinatura de tratado de livre-comércio com os Estados Unidos.

    Com maioria no Congresso, convocou uma Assembleia Constituinte, que promulgou uma nova Constituição em setembro de 2008. Entre as principais mudanças estão a possibilidade da reeleição do presidente, valorização dos direitos dos povos indígenas, aumento da independência do Judiciário e maior preocupação com o meio ambiente. Seu mandato termina em janeiro de 2011.

Amorim "tomou conhecimento com preocupação das manifestações no Equador", diz uma nota divulgada pelo ministério das Relações Exteriores.

O comunicado explica que Amorim "mantém informado" o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "sobre gestões em curso para uma resposta firme e coordenada do Mercosul, da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Organização dos Estados Americanos (OEA)".

EUA
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, pediu ao Equador que trabalhe pelo restabelecimento "rápido e pacífico" da ordem, perante os distúrbios gerados pelos protestos de policiais em rejeição à eliminação de alguns incentivos profissionais.

"Pedimos a todos os equatorianos que se unam e trabalhem no marco das instituições democráticas para alcançar um restabelecimento rápido e pacífico da ordem", disse Hillary em comunicado emitido pelo Departamento de Estado.

A secretária assegurou que os EUA seguem de perto os eventos no Equador e condenam a violência e o caos: "expressamos nosso total apoio ao presidente Rafael Correa e às instituições de governo do país".

Venezuela
Por sua vez, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, denunciou uma tentativa de golpe de Estado contra Correa e pediu aos povos da Unasul para que fiquem "alertas".

"Estão tentando derrubar o presidente Correa. Alerta, povos da Aliança Bolivariana! Alerta, povos da Unasul! Viva Correa!", expressou Chávez em sua conta no Twitter.

Argentina
O governo argentino também rejeitou "a sublevação de forças militares e policiais que põem em risco as instituições democráticas no Equador", condenou as "ações desestabilizadoras" e expressou apoio ao governo Correa.

"A América Latina não aceita mais ataques à democracia nem tentativas de burlar a vontade popular que se manifesta nas urnas. A Argentina estará à frente da defesa da democracia e dos direitos humanos juntamente com os países irmãos da Unasul e do Mercosul", acrescentou um comunicado do governo de Cristina Kirchner.

México
O governo mexicano manifestou respaldo ao presidente do Equador, Rafael Correa, e expressou confiança de que as instituições do país encontrem uma solução perante a crise política que vive após um protesto policial.

"O governo do México expressa sua preocupação pelos fatos ocorridos hoje na República do Equador e que podem afetar a vida institucional nesse país irmão", indicou a Chancelaria mexicana em um breve comunicado.

O ministério das Relações Exteriores do país acrescentou que acredita que as "instituições encontrarão uma solução para esta situação no marco do Estado de Direito e mediante o diálogo e a conciliação".

Cuba
O governo de Cuba também condenou "o golpe de Estado que se desenvolve no Equador", expressando "completo respaldo" ao presidente Correa e pedindo ao governo dos Estados Unidos a se pronunciarem contra a tentativa golpista, porque "uma omissão o tornaria cúmplice".

O chanceler Bruno Rodríguez leu em Havana perante a imprensa uma mensagem do governante Raúl Castro onde se expressa a "enérgica" rejeição de Cuba à tentativa golpista da "oligarquia e grupos conspiradores" do Equador.

Bolívia
O presidente da Bolívia, Evo Morales, condenou o que chamou de "vergonhosa conspiração" que enfrenta hoje seu colega do Equador. Segundo ele, os protestos buscam um "golpe de Estado".

"Esta é uma nova tentativa de evitar à força e com violência, como ocorreu em Honduras, a imparável mudança revolucionária em toda a América Latina", diz uma carta enviada por Morales a Correa.

Morales acusou o governo dos Estados Unidos de apoiar o golpe de Estado contra Rafael Correa. "Como sempre os adversários políticos da América Latina, aliados do governo dos Estados Unidos, tentam acabar com mandatos; quando não podem com referendo, (tentam) com golpe de Estado. A história se repete", afirmou Morales.

Chile
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, também expressou o "mais absoluto respaldo" de seu governo a Correa.

Piñera, que disse ter falado "profunda e extensamente" com seu colega equatoriano, lhe expressou "nosso pleno e total apoio à ordem constitucional, à democracia e ao governo constitucional do presidente Rafael Correa".

Honduras
O governo hondurenho, de Porfirio Lobo, condenou a tentativa de golpe de Estado contra o presidente do Equador, Rafael Correa, que enfrenta a rebelião de policiais e militares que, por sua vez, repudiam a redução de benefícios salariais.

Não reconhecido pelo Equador por ter sido eleito justamente sob um regime de facto, instaurado com um golpe contra o então mandatário Manuel Zelaya, em junho de 2009, Porfirio Lobo reiterou seu respeito e apoio ao líder equatoriano.

Por meio de um comunicado, a chancelaria hondurenha manifestou seu "respaldo irrestrito à institucionalidade democrática da República do Equador e advoga pela pronta normalidade cidadã".

Colômbia
O vice-presidente da Colômbia, Angelino Garzón, ressaltou que seu país só reconhece como governo "legítimo" do Equador o que é liderado por Correa.

"Nós reconhecemos como o governo legítimo do Equador o governo que é liderado pelo presidente Rafael Correa", indicou Garzón à imprensa em Bogotá.

Paraguai
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, expressou rejeição perante a "sublevação de setores armados" enfrentada pelo governo do Equador e condenou os que buscam desestabilizar a democracia no país.

Espanha
O governo espanhol foi outro que expressou total respaldo ao Executivo do Equador e às instituições democráticas desse país perante as notícias de uma "tentativa de golpe de Estado" e condenou "qualquer ruptura da legalidade constitucional".

ONU
O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon se disse "muito preocupado" nesta quinta-feira com a situação no Equador e manifestou "seu apoio" ao governo.

"O secretário-geral também está preocupado com o estado físico" do presidente Correa, acrescentou um porta-voz de Ban Ki-moon.

Ele "pede a todos os atores que intensifiquem seus esforços para resolver a crise atual de forma pacífica, respeitando a lei", acrescentou.

*Com informações de agências internacionais

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