Apresentação


III Seminário sobre Filosofia e Educação:

Racionalidade, diversidade e Formação Pedagógica

24 a 26 de setembro de 2008
Na Universidade de Passo Fundo,
em Passo Fundo - RS

1. Aspectos históricos

O esforço interdisciplinar para tratar de problemas de fronteira entre Filosofia e Pedagogia é uma característica que acompanha os cursos de graduação em Filosofia e Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo (UPF), situada ao norte do estado do Rio Grande do Sul, desde sua fundação. Tal esforço ganhou impulso, em 2001, com a assinatura do Convênio de Mútua Cooperação Internacional nas áreas de Filosofia e Pedagogia, com a Universidade de Kassel, Alemanha. Em 2001 foi criado, na UPF, o Núcleo de Pesquisa em Filosofia e Educação (Nupefe), o qual, desde então, manteve encontros quinzenais de estudos, dando origem a muitas publicações, entre as quais, Dalbosco (2003); Dalbosco/Fávero/Mühl (2003); Eidam/Hermenau (2003); Dalbosco/Flickinger (2005); Eidam/Hoyer (2006); Casagranda/Dalbosco/Mühl (2008); Dalbosco/Eidam (2008).

O conjunto destas publicações torna evidente o eixo temático no qual se insere o diálogo entre Filosofia e Pedagogia: a reflexão acerca dos ideais iluministas clássicos, de procedência alemã e francesa, e sua atualidade ou não no confronto com problemas filosóficos e pedagógicos atuais. Isto é, no bojo das pesquisas e das publicações articula-se a questão geral de saber até que ponto os ideais clássicos de autonomia e maioridade ainda são válidos para se pensar os problemas que emergem dos contextos atuais complexos de interação pedagógica e em que medida tais ideais precisam ser reformulados.
De outra parte, com o avanço nas pesquisas, os problemas de fronteira entre Filosofia e Pedagogia ganham uma notória ampliação, incorporando também em seu interior a reflexão acerca dos conceitos de ação, racionalidade, linguagem e formação pedagógica. Desta ampliação e do intercâmbio freqüente com pesquisadores de outras universidades, que se ocupam com o diálogo entre Filosofia e Pedagogia, surgiu o Grupo Interinstitucional de Pesquisa “Racionalidade e Formação”. Esse Grupo de Pesquisa encontra-se registrado no CNPq sob a liderança da Profa. Dra. Nadja Hermann. A descrição do grupo oferece uma visão panorâmica de suas principais atividades, bem como de seus componentes. O grupo, além de realizar encontros períodos de pesquisa, de intercambiar várias atividades de natureza acadêmica, como publicações e participação em bancas de dissertação e tese, se tornou um suporte indispensável, com apoio acadêmico e científico, na organização dos seminários sobre filosofia e educação.
O Seminário Internacional sobre Filosofia e Educação surge justamente no contexto desta preocupação explícita de travar um diálogo, a partir de diferentes perspectivas teóricas, sobre problemas de fronteira entre Filosofia e Pedagogia. Ele toma como fio condutor temático, desde sua primeira edição, uma dupla dimensão: por um lado, a justificação dos ideais de maioridade e de autonomia oferecida pelo iluminismo clássico e, por outro, seu confronto com perspectivas teóricas atuais, orientadas, amplamente, pelos conceitos de ação, racionalidade e linguagem.
Concomitantemente a esta problemática teórica, o Seminário Internacional sobre Filosofia e Educação procurou assegurar um espaço de reflexão, especificamente, sobre problemas oriundos da práxis pedagógica do cotidiano escolar. Deste modo, por meio dos debates originados pelas conferências, mesas-redondas e comunicações, buscou refletir, à luz de conceitos filosóficos e pedagógicos centrais, a complexidade que envolve o ato de ensinar e de aprender e, simultaneamente, sobre a necessidade de se evitar a simplificação dicotômica e centralizadora da relação ensino e aprendizagem ao ato de alguém que somente ensina e alguém que somente aprende. Isto é, atento a freqüente complexificação social e, simultaneamente, as profundas mudanças teórico-paradigmáticas contemporâneas, o Seminário Internacional sobre Filosofia e Educação busca problematizar, por um lado, a reciprocidade embutida nos processos de ensino e aprendizagem e, por outro, assegurar, teoricamente, o alcance democrático contido na exigência pedagógica de que a formação incorporada nesse processo desmobiliza os pólos antagônicos, ao mostrar que o bom ensino advém antes de tudo da boa aprendizagem e de que quem aprende também ensina.
2. I Seminário Internacional sobre Filosofia e Educação: Subjetividade – Intersubjetividade na fundamentação da Práxis Pedagógica

A primeira edição do Seminário Internacional sobre Filosofia e Educação ocorreu nas dependências da Universidade de Passo Fundo (RS), entre os dias 22 e 26 de setembro de 2003. Com foco teórico centrado no debate entre “Subjetividade-Intersubjetividade”, o I Seminário oportunizou, por um lado, o ingresso reflexivo a aspectos recortados da justificação filosófico-pedagógica moderna acerca do conceito de subjetividade, dando atenção especial aos modos kantiano e hegeliano de sua fundamentação. O evento tratou de enfoques contemporâneos da intersubjetividade, concentrando-se, de modo especial, na justificação oriunda da teoria crítica, com ênfase na teoria da ação comunicativa de Habermas. O debate teórico sobre os conceitos de subjetividade e intersubjetividade, vinculou-se estreitamente ao exame da práxis pedagógica, contemplado, na estrutura do evento, pela organização temática de oito mesas-redondas.
O I seminário contou com a participação de 700 inscritos, entre os quais, estudantes de graduação e pós-graduação da UPF e de várias outras universidades do Brasil. Participaram como conferencistas 22 professores, oriundos de várias universidades brasileiras e estrangeiras. Também ocorreu a apresentação de 77 comunicações, posteriormente, publicadas nos anais do evento em CD ROM. Os textos referentes às conferência e palestras foram publicados em forma de livro, conforme Dalbosco; Longhi; Trombetta (2004).
A repercussão acadêmica do evento refletiu, além da obra publicada, diretamente na formação de alunos de graduação, por meio da elaboração de suas monografias conclusivas do curso de graduação, e de alunos de pós-graduação, na elaboração de suas dissertações e teses. Do ponto de vista social, o evento provocou um debate entre professores que atuam nas redes municipal e estadual de ensino da região sobre a necessidade de se repensar permanentemente a práxis pedagógica e de se inserir em processos de formação continuada. Também repercutiu na comunidade as matérias veiculadas na UPF TV, as rádios e jornais da região e no Jornal Extra Classe do SINPRO/RS.

3. II Seminário Internacional sobre Filosofia e Educação: Racionalidade e Tolerância

A segunda edição do Seminário Internacional sobre Filosofia e Educação ocorreu nas dependências da Universidade de Passo Fundo (RS), entre os dias 3 e 7 de outubro de 2005. Delimitando-se tematicamente ao debate sobre “Racionalidade e Tolerância”, o evento procurou abordar, sob diferentes perspectivas teóricas, o significado filosófico-pedagógico do problema das diferenças culturais e as exigências ético-educacionais que tal problema impõe a uma sociabilidade democrática e cidadã. O tema Racionalidade e Tolerância, foi então debatido numa dupla perspectiva: primeiro, reconstruindo, em largos traços, por meio de conferências, alguns aspectos do significado destes dois conceitos na tradição da Teoria crítica e do Pragmatismo; segundo, analisando, por meio de mesas-redondas e comunicações, o desenvolvimento e a repercussão empírica destes conceitos no âmbito da relação entre pessoas, no convívio entre culturas diferentes e, especificamente, no âmbito das práticas sociais pedagógicas escolares e extra-escolares.
Participaram do II Seminário Internacional 430 inscritos, entre os quais, estudantes de graduação e pós-graduação da UPF e de várias outras universidades do Brasil. Houve a participação de 27 conferencistas oriundos de várias universidades brasileiras e estrangeiras da Alemanha, Argentina e Estados Unidos. Foram apresentadas 86 comunicações, posteriormente publicadas nos anais do evento em CD ROM. Os textos referentes às conferência e palestras foram publicados no livro Sobre Filosofia e Educação: Racionalidade e Tolerância (DALBOSCO; FÁVERO; MARCON, 2006).
A repercussão acadêmico-social do II Seminário teve um alcance semelhante ao primeiro, destacando-se seu efeito imediato em alunos e professores do Ensino Fundamental e Médio e do Ensino Superior, além do envolvimento da comunidade em geral por meio da divulgação dos debates e resultados, na impressa.

4. III Seminário Internacional sobre Filosofia e Educação: Racionalidade, Diversidade e Formação Pedagógica

O III Seminário Internacional sobre Filosofia e Educação ocorrerá na Universidade de Passo Fundo/RS, entre os dias 24 e 26 de setembro de 2008. Com o foco concentrado na temática “Racionalidade, Diversidade e Formação Pedagógica” o evento visa aprofundar um debate sobre os desafios da formação pedagógica no contexto contemporâneo de um mundo cada vez mais complexo e plural. Neste sentido, buscar-se-á analisar em que medida ainda é possível atualizar o sentido clássico do conceito de formação (Bildung) e que novos problemas sociais e pedagógicos se apresentam e que levam a sua ampliação. No âmago de tal debate concentram-se preocupações prático-pedagógicas concretas que assolam a sociedade brasileira, como, o alto índice de analfabetismo funcional e as dificuldades de leitura e interpretação de mundo, cada vez mais sentida pelas novas gerações.
Deste modo, pensar sobre a educação no mundo contemporâneo implica levar em consideração dois fenômenos de extraordinária repercussão: a complexificação constante da sociedade e as profundas mudanças paradigmático-teóricas. A complexificação social deixa-se mostrar, entre outros fatores, pela passagem da sociedade do trabalho para a sociedade do conhecimento; pela política nacional expansionista do ensino superior versus caráter massivo-mercantilista da educação e; por último, por traços específicos de um novo perfil de aluno que ingressa tanto na escola como na universidade.
Estas e outras situações sociais põem um conjunto de questões a educadores e teóricos da educação: o que significa educar em um contexto de flexibilização do quadro fixo de profissões? O que significa formação no contexto da educação massiva? Sobretudo, no que diz respeito às novas gerações, formar em que profissão e com base em que idéia de formação?
Do ponto de vista das mudanças teórico-paradigmáticas, destaca-se a necessidade de re-atualizar e ressignificar conceitos centrais da tradição pedagógica ocidental, como de formação, ensino e aprendizagem e interação pedagógica. Tais mudanças permitem, no fundo, que se repense o ato de ensinar e de aprender, visando aprofundar a complexidade que os constitui: quem ensina? Quem aprende? Como se ensina e se aprende?
As questões acima esboçadas conduzem a um debate acerca da ampliação da idéia de processo pedagógico e da necessidade de compreendê-lo de modo cada vez mais versátil e dinâmico; também conduzem à problematização dos próprios conceitos de educação e de formação. Parece tornar-se evidente, como hipótese de trabalho, que a problematização tanto da complexidade social como dos enfoques teóricos só pode ser levada adiante por um conceito reformulado de fundamentação.
Tal conceito deve ser capaz de se contrapor criticamente aos traços essencialistas da metafísica ocidental e aos aspectos objetificadores das ciências positivistas, os quais formam o pano de fundo teórico de tendências pedagógicas modernas e contemporâneas. Esta contraposição torna-se indispensável também porque tanto a Filosofia metafísica como as ciências positivistas, ao serem incorporadas pela linguagem pedagógica, influenciam, cada uma a seu modo, a prática pedagógica e o cotidiano escolar, misturando-se ao senso comum pedagógico.
Para levar adiante a reformulação do conceito de fundamentação e ampliar a idéia de formação é indispensável tratar o nexo entre ação humana e ação pedagógica a partir dos conceitos criticamente problematizados de racionalidade, diversidade, ação, linguagem e formação pedagógica. Neste contexto, o III Seminário Internacional sobre Filosofia e Educação: racionalidade, diversidade e formação pedagógica, inserindo-se na programação comemorativa dos 40 anos da Universidade de Passo Fundo e com o intuito de fortalecer o Grupo Interinstitucional de Pesquisa “Racionalidade e Formação”, pretende tratar da problemática acima delineada a partir de diferentes perspectivas e olhares.
Está prevista a inscrição de 420 participações para os dois primeiros dias e de 650 inscrições para a conferência de encerramento do evento que contará com 24 conferencistas brasileiros e também estrangeiros, de países como a Alemanha, a Espanha e a Argentina. Haverá espaço para comunicações que serão publicadas nos anais do evento. Buscar-se-á apoio financeiro nas agências financiadoras nacionais (CAPES, FAPERGS, CNPq) e estrangeiras (DFG – Alemanha)].

Referências
CASAGRANDA, E./DALBOSCO, C. A./ MÜHL, E. H. Filosofia e educação: Aspectos Históricos e temáticos. São Paulo: Autores Associados, 2008. (No prelo)
DALBOSCO, C. A. (Org.). Filosofia prática e pedagogia. Passo Fundo: Editora da UPF, 2003.
DALBOSCO, C. A./ FÁVERO, A. A./MÜHL, E. H. Filosofia, educação e sociedade. UPF Editora, 2003.
DALBOSCO, C. A.; LONGHI, S. M.; TROMBETTA, G. L. (Org.). Sobre filosofia e educação: subjetividade e intersubjetividade na fundamentação da práxis pedagógica. Passo Fundo: UPF Editora, 2004.
DALBOSCO, C. A.; FLIKINGER, H. G. (Org.). Educação e maioridade: dimensões da racionalidade pedagógica. São Paulo: Cortez Editora; Passo Fundo: UPF Editora, 2005.
DALBOSCO, C. A.; FÁVERO, A. A.; MARCON, T. (Org.). Sobre filosofia e educação: racionalidade e tolerância. Passo Fundo: UPF Editora, 2006.
DALBOSCO, C. A./EIDAM, H. Moralidade e educação em Kant. 2008. (Em preparação).
EIDAM, H.;HERMENAU, F. (Org.). Praktische Philosophie und Pädagogik. Kassel: Kasseler Philosophische Schriften, 2003.
EIDAM, H./ HOYER, T. (Hrsg.). Erziehung und Mündigkeit. Bildungsphilosophische Studien. Berlin: LIT Verlag, 2006a, p. 53-70.
 

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