Contextes de fronteira pour le sens abstrait

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As fronteiras culturais mostraram, já nos primórdios da Europa Moderna,
sua dupla natureza de obstáculos e de aproximações
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A idéia de fronteira cultural é um conceito atraente. O problema é que
a idéia é atraente demais, de modo semelhante à própria idéia de
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Usar o conceito representa um perigo constante de passar do sentido
literal da expressão para um sentido metafórico, de fronteiras
lingüísticas, tais como aquela que separa o francês do alemão na
Alsácia, por exemplo, para as `'fronteiras"entre classes sociais, entre
o sacro e o profano, entre o sério e o cômico, entre a história e a
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Em seus Ensaios, Montaigne sugeriu que havia uma fronteira da verdade e
que o que seria considerado verdade de um lado dos Pireneus (à época em
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desenvolvimento da civilização ocidental à expansão daquilo que ele
chamou de "fronteira da vergonha" (Schamgrenze), querendo dizer que,
com o passar dos séculos, os europeus consideraram vergonhosas um
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A seguir usarei o termo "fronteira" na sua acepção primeira, espacial,
e "cultura" na sua acepção ampla e antropológica, referindo-se a
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ser útil (seguindo os antropólogos que, por sua vez, seguem os
lingüistas) trabalhar simultaneamente com duas concepções de fronteira
cultural.
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podem até mesmo ser mapeados. No caso da cultura culinária, por
exemplo, podemos distinguir duas Europas, divididas pelas fronteiras do
vinho e da cerveja, do óleo e da manteiga. No caso da moradia, ou do
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A segunda abordagem é aquela que parte de dentro, mais subjetiva,
interessada na experiência de fronteiras, nos limites simbólicos de
comunidades imaginárias. Essas fronteiras são difíceis, se não
impossíveis de mapear, porém não deixam de ser fatos culturais, mesmo
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Segundo a concepção tradicional de fronteiras, elas eram essencialmente
barreiras. Até que ponto essa idéia funciona no caso da cultura? É
melhor ver as fronteiras culturais não como barreiras intransponíveis,
mas, antes, como obstáculos que atrasam o progresso de inovações e até
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As fronteiras religiosas são, freqüentemente, locais onde se recusa e
resiste conscientemente à inovação. No início do período moderno, por
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porque a Palavra de Deus não deveria ser transmitida por meios
mecânicos. De um lado da fronteira entre a Cristandade e o Islã havia
Bíblias impressas; do outro, o Alcorão era aprendido de cor ou lido a
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e Pierre Bourdieu fez o mesmo em sua análise da "distinção", que
tratava especialmente da fronteira cultural entre a burguesia e a
classe operária na França do final do século 20.
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Uma segunda concepção de fronteiras as apresenta não (ou não apenas)
como barreiras, mas, ao contrário, como pontos de encontro ou "zonas de
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É também esclarecedor ver as fronteiras como zonas com sua própria
cultura, muitas vezes mais militar e, também, mais arcaica do que a
cultura de centros urbanos. A cultura nos lados opostos de uma
fronteira é freqüentemente muito similar, ao contrário da cultura das
capitais, como ocorre no caso da cultura "gaúcha' que o Rio Grande do
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escrever uma história cultural, mesmo no caso de um único país, ou até
de uma única região, sem utilizar a noção de "fronteira". Deixando de
ser literalmente periférica, no que tange aos historiadores da cultura
a noção de fronteira é - ou pelo menos se tornou - absolutamente
central.