[crv_educacao.gif] [crv_logo3.gif] Currículo Proposta Curricular - CBC Fundamental - Ciclos Fundamental - 6º a 9º Médio Ciclo da Alfabetização Arte Ciências Educação Física Geografia História Língua Estrangeira Língua Portuguesa Matemática Plano Curricular p/ Escolas-Referência 2007 Plano curricular do Ensino Médio 2006 Arte Biologia Educação Física Física Geografia História Língua Estrangeira Língua Portuguesa Matemática Química Filosofia Sociologia Orientações Pedagógicas Fundamental - Ciclos Fundamental - 6º a 9º Médio Ciclo da Alfabetização Ciclo Complementar Arte Ciências Educação Física Geografia Língua Estrangeira História Língua Portuguesa Matemática Arte Biologia Educação Física Física Geografia História Língua Estrangeira Língua Portuguesa Matemática Química Filosofia Sociologia Roteiros de Atividades Fundamental - Ciclos Fundamental - 6º a 9º Médio Ciclo da Alfabetização Ciclo Complementar Arte Ciências Educação Física Geografia História Língua Estrangeira Língua Portuguesa Matemática Arte Biologia Educação Física Física Geografia História Língua Estrangeira Língua Portuguesa Matemática Química Filosofia Sociologia Fórum Fundamental - Ciclos Fundamental - 6º ao 9º Médio Ciclo da Alfabetização Ciclo Complementar Arte Ciências Educação Física Geografia História Língua Estrangeira Língua Portuguesa Matemática Arte Biologia Educação Física Física Geografia História Língua Estrangeira Língua Portuguesa Matemática Química Filosofia Biblioteca Virtual Dicionário da Educação Avaliação Currículo Educação Inclusiva Participação e Gestão Escolar Tempos e Espaços Escolares Temas Educacionais Aprendizagem Avaliação Ciência e Tecnologia Currículo Educação Ambiental Educação Patrimonial Filosofia da Educação Formação do Professor Gestão Metodologia de Pesquisa Política Educacional Sociologia e Antropologia da Educação PAIE - Programa de Apoio a Inovações Educacionais Caderno 3 - 2003 Caderno 2 - 2001 Caderno 1 - 2000 Módulos Didáticos Fundamental Médio Ciências Matemática Língua Portuguesa Biologia Física Química Língua Portuguesa Matemática Módulos Didáticos da Parte Diversificada Educação Afetivo-Sexual Cadernos de Informática Introdução a Informática Montagem e Manutenção de Computadores Multimídia Programação em Java CAD Banco de Dados Sistema Operacional Linux Computação Gráfica Ilustração Digital Construção de Web Sites Legislação Federal Estadual Direitos e Deveres do Servidor Vídeos Institucionais Matemática - IMPA Ciências do Ensino Fundamental Ciências do Ensino Médio Vídeo Escola Atlas da Educação Web Sala de Recursos Didáticos Desenvolvimento Profissional Projetos Institucionais/SEE Projetos Complementares Projetos Estruturadores Projeto de Valorização da Cultura Afro- Brasileira - Afrominas Projeto Incluir Ensino Fundamental de 9 anos Programa de Intervenção Pedagógica - PIP PEAS Juventude - Programa Educacional de Atenção ao Jovem Escolas em Rede Escola Viva, Comunidade Ativa Escola de Tempo Integral Promédio Programa de Educação Profissional Acelerar para Vencer Simave Desempenho e Qualificação de Professores Novos Padrões de Gestão e Atendimento Sistema de Troca de Recursos Educacionais Sobre o STR Como usar o STR Fundamental - Ciclos Fundamental - 6º ao 9º Médio Ciclo da Alfabetização Ciclo Complementar Arte Ciências Educação Física Geografia História Língua Estrangeira Língua Portuguesa Matemática Arte Biologia Educação Física Física Geografia História Língua Estrangeira Língua Portuguesa Matemática Química Filosofia SIMAVE/PAAE (Itens de Avaliação) Relatos de Experiência Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias Ciências Humanas e suas Tecnologias Linguagens e Códigos e suas Tecnologias Inicial Quem somos Cadastro Contato Mapa do site SEEMG [imprimir.gif] Busca ____________________ [BUTTON] : CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS NECESSÁRIOS À PRODUÇÃO ESCRITA - parte I Maria Cândida Trindade Costa de Seabra* Maria Lúcia de Almeida Mol** A Língua Portuguesa deve ser trabalhada tendo como objetivo a prática e a comunicação. Entende-se a comunicação como um processo de construção de significados em que o sujeito interage socialmente, usando a língua como instrumento que o define como pessoa entre pessoas. Essas diretrizes para o ensino médio encontram-se na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394/96 e no Parecer do Conselho Nacional da Educação / Câmara de Educação Básica n° 15/98, que delimitaram a Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. A essa área integrou-se a Língua Portuguesa que, por sua característica transdisciplinar, permite o desenvolvimento das capacidades cognitivas dos alunos, para que o exercício da comunicabilidade tenha o resultado esperado. Os Parâmetros Curriculares Nacionais mostram que o processo de ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa no ensino médio pressupõe uma visão sobre o que é linguagem verbal, estão "presentes o homem, seus sistemas simbólicos e comunicativos em um mundo sociocultural." Embora as expressões humanas incorporem todas as linguagens, para efeito didático, a linguagem verbal pretende ser um material de reflexão: sua unidade básica é o texto, compreendido como a fala e o discurso que se produz. Sua função comunicativa torna-se o principal eixo de sua atualização e a razão do ato linguístico. Essa concepção destaca a natureza social e interativa da linguagem, em contraposição às concepções tradicionais, deslocadas do uso social. Assim, o trabalho do professor centra-se no objetivo de desenvolvimento e sistematização da linguagem interiorizada pelo aluno, incentivando a verbalização dessa linguagem e o domínio de outras utilizadas em diferentes esferas sociais. Em nossa cultura, o primeiro ambiente linguístico com o qual uma pessoa convive é o familiar, mais precisamente o ambiente linguístico criado por seus pais. Sabe-se que, se a criança vem de um meio harmonioso e rico em estímulos, desenvolverá melhor e mais adequadamente potencialidades, tais como: um maior grau de exigência de correção verbal, uma maior segurança ao dialogar com os outros, realização de inferências mais imediatas. Entretanto, mesmo vindo de lares harmoniosos, a entrada em um ambiente linguístico escolar é marcada por uma certa descontinuidade em face da experiência linguística anterior vivida pela criança. Se, com a família, ela utilizava a língua essencialmente como um instrumento com finalidades comunicativas, agora, e apesar de essa relação ter de continuar a ser aprofundada, esta apresenta-se como um objeto de conhecimento e de estudo. Essa nova faceta da língua é particularmente visível na sua vertente escrita. A criança passa de um ambiente linguístico predominantemente oral para um outro em que a língua na sua forma escrita é enfatizada. Dominar essa forma através da aprendizagem da leitura e da escrita é a tarefa mais específica com que esse novo ambiente confronta a criança. Assim, pode-se dizer que o papel desse novo contexto linguístico e educativo situa-se em dois níveis: - consolidação e aprofundamento de conhecimentos já adquiridos; - introdução e ensino de novos saberes indispensáveis para um agir linguístico autônomo e eficaz. Inscrevendo-se nesse espaço duplo de continuidade e de descontinuidade em face do ambiente linguístico familiar, a escola contemporânea deve procurar apresentar aos seus alunos uma variedade linguística, ora mais próxima, ora mais distante dos modelos linguísticos trazidos na "bagagem" de cada um, enquanto vai realizando um trabalho crescentemente mais complexo e mais de acordo com a norma. Se o ambiente linguístico familiar é, por excelência, o lugar da simplificação, da facilitação e da adequação às competências da criança e do jovem, o ambiente linguístico escolar é o lugar da complexidade, da norma, do conhecimento aprofundado da língua - objetivo fundamental do ensino da língua materna na escola. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Um exemplo do desenvolvimento da competência linguística proporcionado pela escola é o progressivo domínio consciente das variações linguísticas. O aluno, é certo, ao entrar em contato na escola com a grande variedade de textos, vai notar que já deparou com muitos deles no seu dia-a-dia, mas até então não lhe foi exigida uma compreensão ampla e, nem sempre, explicações de sentido. É na escola que as pessoas começam a ter comportamentos no nível da compreensão e explicação/ explicitação dos sentidos. É nesse espaço, ao propor a análise de diferentes textos, que a escola enriquece a competência linguística do sujeito na medida em que lhe fornece evidências de usos diferentes, mais complexos e criativos da língua. A linguística estruturalista europeia, utilizando o prefixo dia-, que significa "ao longo de, através de", deu os seguintes nomes aos estudos da variação: - diacrônica (do grego dia + kronos, "tempo") ou histórica, para designar as diversas manifestações de uma língua através dos tempos. É claro que as mudanças que ocorrem nunca são repentinas, não se dão em saltos bruscos. Há geralmente um período de transição em que encontramos duas ou mais formas concorrentes, acabando uma delas por prevalecer. Como exemplo, vemos hoje o uso do pronome onde, muitas vezes empregado em lugar do que; ou a alternância do este e esse. Tanto a ocorrência de onde/que, quanto a de este/esse já estão presentes em textos escritos por nossos alunos, indicando uma variação que pode ou não caminhar para uma mudança daqui a alguns anos. - diatópica (do grego dia + topos, "lugar") ou geo-lingüística ou dialetal. Essa variação está relacionada com fatores geográficos - diferentes usos de língua em diferentes regiões. Todos sabemos que a fala de um baiano não é igual à de um paulista, por exemplo. A fala utilizada em diferentes regiões possui características diferentes. - diastrátíca (do grego dia + stratos , "camada , nível") ou variação social. Cabe à Sociolingüístíca estudar esse tipo de variação, tentando estabelecer correlações entre variáveis sociais e fenómenos linguísticos. Sabemos que o homem vive integrado a uma sociedade, a qual tem a sua hierarquia, os seus grupos sociais (etários, profissionais, etc.). Cada um desses grupos possui comportamentos que os distinguem dos demais, permitindo identificações mútuas. Como exemplos temos a gíria e a linguagem técnica, dentre outros. - diafásica (do grego dia + phasis , "fala , discurso"). De acordo com a situação mais ou menos formal em que se encontra ou o tipo de situação discursiva (oralidade, escrita, etc.), cada falante pode usar diversos estilos. Numa entrevista com o diretor de uma empresa, para obter emprego, usará certamente um nível de língua diferente daquele que usa para falar com os amigos, quando vão juntos assistir a um jogo de futebol. Vemos, assim, que a língua que usamos está sujeita à variação, como todas as línguas vivas estão sujeitas a fatores de mudança. Essa variação, ou diversidade de formas, pode ser estudada e descrita por alunos de 1 ° e 2° graus se a relacionarmos com algo que consideramos minimamente estável e homogéneo: a norma culta ou norma padrão. Mas, mesmo tendo consciência de tal fato, trabalhar com a variação linguística nas salas de aula não é tarefa fácil, já que não há materiais prontos para isso. Como trabalhar com variantes sintéticas em convívio nas falas brasileiras? Como distinguir as estruturas menos salientes e socialmente menos estigmatizadas, para, sem desprestigiar as segundas, selecionar as primeiras, a fim de treinar o uso formal falado e os usos escritos de nossos alunos? Uma proposta interessante é a de o professor trabalhar com o uso vernáculo que os alunos utilizam em cada região e, a partir daí, levando sempre em conta a diversidade linguística que há no País, formar uma oficina gramatical que se propõe a discutir "normas". É importante que o nosso aluno aprenda a refletir antes de se apropriar daquilo que lê e ouve. Na oficina gramatical, os alunos poderão confrontar dados da língua por eles próprios recolhidos ou fornecidos pelo professor. ALGUMAS SUGESTÕES CONTEXTOS DE USO OBRIGATÓRIO DO SUBJUNTIVO O professor deve facilitar a descoberta, pêlos alunos, das condições que determinam a ocorrência obrigatória do modo subjuntivo. Sugere-se aqui uma abordagem sintética que leve os alunos a tomarem consciência dos contextos em que se utilizam obrigatoriamente formas do subjuntivo, induzindo-os, através desse processo de conscientização, a uma utilização de tais formas e à sistematização dos paradigmas flexionais do subjuntivo. Os dados que se apresentam a seguir ilustram os casos centrais de uso obrigatório do subjuntivo (a alternativa b* mostra o uso indevido do indicativo): 1 a b* Talvez te empreste este livro. Talvez te empresto este livro. 2 a b* Oxalá não te arrependas. Oxalá não te arrependes. 3 a b* Não faça isso! Não faz isso! 4 a b* Meu amigo, suponha que lhe peça o seguinte favor (...) Meu amigo, supõe que lhe peça o seguinte favor (...) 5 a b* Que se/a como você quer! Que é como você quer! 6 a b* Que me aconteça uma desgraça, se isto não for verdade! Que me acontece uma desgraça, se isto não for verdade! 7 a b* Quer saia, quer fique em casa, ele vem aqui tomar café. Quer sai, quer fica em casa, ele vem aqui tomar café. 8 a b* Gostes ou não gostes, vais comer a sopa. Gostas ou não gostas, vais comer a sopa. 9 a b* Ele lamenta que você chegue sempre atrasado. Ele lamenta que você chega sempre atrasado. 10 a b* Ele quer que você vá ao sítio. Ele quer que você vai ao sítio. 11 a b* O João pediu à Maria que fosse ao escritório. O João pediu à Maria que ia ao escritório. 12 a b* É difícil que ele tenha razão. E difícil que ele tem razão. 13 a b* Quero que você seja feliz. Quero que você é feliz. 14 a b* Embora o conheça mal, acho-o simpático. Embora o conheço mal, acho-o simpático Recolhendo o próprio material ou trabalhando com o material a ser fornecido pelo professor, o aluno fixará conceitos introduzidos, armazenando na memória os "ambientes" linguísticos que exigem o uso do subjuntivo. CAÇA AO SUBJUNTIVO Material: Texto selecionado pelo professor. Tarefa 1: Transcrever todas as formas obrigatórias do subjuntivo presentes no texto. Tarefa 2: Indicar qual o elemento da construção que determina a presença obrigatória de cada uma das formas do subjuntivo transcritas. Exemplos: "Para jogar, você controla um tanque blindado, que pode ser equipado com mísseis e peças que aumentam sua resistência. O veículo é útil também para destruir barreiras mágicas e ultrapassar armadilhas. O seu objetivo mais importante é fazer com que seus amiguinhos virtuais digievoluam." (Revista Recreio, São Paulo: Abril , n.62 , 17/5/2001, p.14) "Quando nascem, os bebés de polvo parecem miniaturas de seus pais. Por algumas semanas, eles são levados pela correnteza até que cresçam e passem a morar no fundo do mar." (Revista Recreio, São Paulo: Abril , n.62 , 17/5/2001, p.21) Tarefa 1: "digievoluam" "cresçam" "passem" Tarefa 2: "digievoluam": a presença de "é fazer com que", "cresçam e passem": a expressão "até que". TRABALHANDO COM PROVÉRBIOS E EXPRESSÕES POPULARES Material: A recolher pelo aluno. Tarefa 1: Fazer uma lista de provérbios e expressões populares em que ocorram formas do subjuntivo. Tarefa 2: Transcrever as formas do subjuntivo presentes em cada um dos provérbios e expressões populares recolhidos. Exemplos: 1-Nunca diga: "Desta água não beberei". 2-"Se mais tivesse, mais comia .Adeus seu padre, até outro dia." 3-"Como se tivesse saído da boca do cachorro." 4- "Vocês são brancos, lá se entendam." 5-"Sonhe comigo mas não caia da cama." 6- "Depois não vá dizer que Santo António te enganou." 7- "Seja bem aparecido." 8- "Seja tudo pelo amor de Deus!" Tarefa 1: 1- "diga" 2- "tivesse" 3- "tivesse" 4- "entendam" 5- "sonhe" e "caia" 6- "vá" 7- "seja" PRONOME DEMONSTRATIVO As nossas gramáticas apontam que o pronome demonstrativo pode referir-se ao espaço, ao tempo ou ao discurso. Mas as dúvidas sobre o modo de empregá-lo são de quase todas as pessoas, uma vez que se utilizam, principalmente, este e esse sem critérios, não havendo uma linha rigorosa de demarcação de uso. Fica, portanto, a seguinte reflexão: será que daqui a alguns anos não teremos mais essa distinção? Pode ser que isso seja só uma variação, ou pode ser que caminhe para uma futura mudança. Por enquanto, a norma padrão aponta o seguinte: 1- Os pronomes demonstrativos caracterizam-se por sua função dêitica (do grego deiktikós = próprio para demonstrar, demonstrativo). Este, esta e isto exercem a função dêitica para indicar algo ou alguém que está perto da 1a pessoa, isto é, daquela que fala: Esta loja em que estamos é minha . Este livro é muito interessante. Ah! Isto é fácil. Esse, essa e isso exercem a função dêitica para indicar algo ou alguém que está perto da pessoa com quem se fala: Você me passa essas suas anotações? Esses vídeos estão à venda? Isso é muito caro. Aquele, aquela e aquilo exercem a sua função dêitica para indicar algo ou alguém que está longe de quem fala e de quem ouve. Aqueles aviões são da TAM . Aquela moça é muito bonita. O que foi aquilo? 2- "Mas os demonstrativos empregam-se também, no discurso, para lembrar ao ouvinte ou ao leitor o que já foi mencionado ou o que se vai mencionar". Exercem, nesse caso, a sua função anafórica (do grego anaphoríkós = que faz lembrar, que traz à memória). Na correspondência, esíe, esía se referem ao lugar de onde se escreve e esse, essa denotam o lugar para onde a carta se destina. Esta cidade onde moro está ficando muito barulhenta . Essa cidade onde você mora é muito tranquila. Estou lhe enviando notícias desta nossa querida cidade e quero saber informações desse país onde você está morando. "No discurso, quando o falante deseja fazer menção ao que ele acabou de narrar ou ao que vai narrar, emprega-se esfe (e flexões):" O mundo precisa de paz. Este deve ser a meta de toda a humanidade. Na designação de tempo, quando se inclui o momento em que se fala, utiliza-se este (e suas flexões): Neste dia (= no dia de hoje) comemoramos o aniversário do nosso filho. Este mês (= no mês em que se está) tivemos prejuízo no comércio. Quando se refere a tempo já passado, o pronome demonstrativo usual é esse (e suas flexões). Nessa época, os rapazes faziam-nos a corte. Entretanto, se o tempo passado ou futuro está relativamente próximo do momento em que se fala, pode-se fazer uso de esfe, em algumas expressões como: Esta noite (= a noite passada) tive um bonito sonho. Esfes próximos quinze dias serão difíceis. Quando o passado é mais remoto, usa-se aquele (e suas flexões). Naquele ano de 1889, meu avô chegou ao Brasil. Não tem sido uma tarefa fácil para o professor de português trabalhar com os pronomes demonstrativos em sala de aula. Na língua, desafios como esse sempre ocorrem quando se tem duas (ou mais) maneiras de dizer a mesma coisa - fato este que a linguística denomina de "variantes linguísticas". Essas variantes coexistem e, muitas vezes, uma delas desaparece. No momento, no português brasileiro, temos essa "flutuação" quando vamos empregar os pronomes demonstrativos. TRABALHANDO COM OS PRONOMES DEMONSTRATIVOS As variantes de uma comunidade de fala encontram-se sempre em relação de concorrência: padrão versus não-padrão; conservadoras versus inovadoras; de prestígio versus estigmatizadas. "Em geral, a variante considerada padrão é, ao mesmo tempo, conservadora e aquela que goza do prestígio sociolingüístico na comunidade. As variantes inovadoras, por outro lado, são quase sempre não-padrão e estigmatizadas pêlos membros da comunidade". No caso dos Pronomes Demonstrativos, o que vem ocorrendo é a aceitação das duas variantes. Tal fato vem sendo observado tanto na língua falada quanto na língua escrita. O professor deve procurar incentivar os seus alunos a observarem as frases e textos que vêm sendo produzidos nestes últimos anos em revistas, jornais etc. Pode, também pesquisar essa ocorrência em revistas de outros países de língua portuguesa e, ainda em livros e revistas antigos. É interessante que os alunos possam observar a ocorrência dos pronomes demonstrativos contextualizados, para que confrontem o uso ver-nacular com a norma e analisem e fomulem, eles próprios, regras gramaticais. Coletar dados que contenham estes pronomes é tarefa fácil e, ao mesmo tempo, fazer uma análise em um ambiente contextuaiizado é uma tarefa inteligente. Exemplos : "O brasileiro médio é um supersticioso assumido. Um dos desejos mais comuns entre as pessoas que procuram Roberto de Ogum é descobrir os fundamentos de certas superstições. O médium analisou algumas dessas do ponto de vista do candomblé a sua religião. Além disso, aproveitou o período de festas para sugerir simpatias e procedimentos espirituais que considera eficazes" (ISTOÉ, n.1631, 3/1/2001, p.9) "Parabéns pelo soberbo trabalho sobre os '2000 anos de Cristo'. Profundo, completo, ele foi uma verdadeira aula de história, de uma forma compacta e de fácil entendimento, que com certeza deve ficar guardado entre os melhores livros de uma biblioteca e servir sempre como referência e pesquisa. Nestes tempos de internet, esfe trabalho da ISTOÉ me fez voltar aos velhos bancos de escola..." (ISTOÉ, n.1631,3/1/2001, p.13) "Esfe ano, o talento dos profissionais da revista ISTOÉ foi reconhecido mais uma vez pelo Prémio Esso, um evento que há 45 anos avalia e escolhe os melhores trabalhos jornalísticos brasileiros. Essa premiação nos incentiva a continuar em frente, oferecendo ao nosso leitor o melhor da informação com imparcialidade e, acima de tudo, muita independência." (ISTOÉ, n.1631, 3/1/2001, p.15) "Foi depois dos anos 60 que o bife se tornou um alimento de consumo corrente e preço razoável. Conhecem-se agora as tristes consequências desta produção intensiva." (ELLE, fevereiro de 2001, p.132, Portugal) "Sopa de leite Manteiga, 80 gramas; ovos, 4; leite, 2 litros e meio; farinha, 4 colheres. Batem-se 4 ovos, mexendo sempre, junta-se-lhe 2 litros e meio de leite. Faça-se em uma caçarola um tostado com 80 gramas de manteiga e 4 colheres de sopa de farinha, acrescentando-se depois o leite necessário para obter uma massa espessa. Junta-se a esía massa o leite misturado com os ovos e sempre mexendo deixe cozer bem. Depois deite-se o pão que para ser mais gostoso deve ser torra-do."(Almanaque do CORREIO DA MANHÃ, 1948, p. 317) A FORMAÇÃO DO PLURAL DOS SUBSTANTIVOS TERMINADOS EM 'AO' NA LÍNGUA PORTUGUESA Quando o professor vai estudar, em sala de aula, com os seus alunos, a flexão dos nomes terminados em -ao na língua portuguesa, costuma pedir-lhes que decorem listas sem, contudo, dar uma fundamentação teórica para que eles possam entender o porquê de tanta variação. As nossas gramáticas descrevem e listam esses nomes, mas não se preocupam em separá-los, fazendo com que, em pouco tempo, todos esqueçam o que aprenderam. A professora e pesquisadora Odette G. L. Altmann de Souza Campos, da UNESP de Araraquara, desenvolveu um trabalho de pesquisa bastante interessante sobre essa flexão dos nomes terminados em -ao. Ela tomou como ponto de partida os nomes em -ao contidos no Frequency Dictionary of Portuguese Words (F. D. R W.). Esse dicionário contém as 5000 palavras mais frequentes na língua portuguesa falada em Portugal e, também, palavras que continham essa terminação e apareciam em programas de televisão apresentados na Rede Globo como Os Trapalhões, Jornal Nacional e Globo Repórter, além de artigos de revistas, como Isto É, perfazendo um total de 18.332 palavras. Após analisar todos esses dados, a pesquisadora observou o seguinte: a- No dicionário (F.D.RW.) 318 nomes terminam em -ao, dos quais 303 formam o plural em -ões (95,28%) 10 formam o plural em -ãos (3,14%) e 5 formam o plural em -ães (1,58%) b- Nos meios de comunicação de massa no Brasil, para 227 nomes terminados em -ao, 222 formam o plural em -ões (97,80%) 5 formam o plural em -ãos (2,20%) O forma o plural em -ães (0%) E concluiu: - O plural em -ões já era, no português arcaico, a forma preferida, não só pelo povo em geral mas, também, pêlos falantes da língua culta. - A Língua Portuguesa mantém o plural em -ães e ãos em um grupo de nomes antigos, como: -ãos: bênçãos, chãos, cidadãos, cristãos, grãos, irmãos, mãos, órfãos, órgãos, sãos, vãos, cortesãos; -ães: alemães, cães, capitães, escrivães, pães, bastiães, maçapães. - Temos, de um lado, um grupo de nomes antigos que mantiveram seu plural em -ães e -aos por todos os séculos da evolução histórica do português. Por outro lado, temos um grupo de nomes em -ao muito diversificado com relação à sua origem. Apesar de toda essa diversificação, esse grupo apresenta uniformidade com relação à flexão, pois todos os nomes a ele pertencentes formam o plural em -ões. - Há, assim, em português, a oposição entre um grupo de nomes em -ao que é restrito, faz o plural em -aos e -ães e não vem recebendo acréscimos desde o português arcaico e um outro grupo muito rico que vem continuamente sendo aumentado pelo acréscimo de palavras novas que se originaram, ou diretamente do latim, ou na própria língua portuguesa, a partir de substantivos, de adjetivos e mesmo de verbos, ou ainda que vieram de outras línguas, principalmente do francês e, em número incomparavelmente menor, do italiano, do espanhol e mesmo do árabe. - Caberia, então, aqui, fazer a oposição entre dois tipos de flexão para os nomes em -ao em português: uma petrificada, que apenas conserva os tipos antigos, incluindo os nomes cujo plural é em ães e aos e uma flexão viva, em ões na qual se incluem todos os nomes novos que vão sendo introduzidos na língua, independentemente de sua origem, como saco/ões .liquidações, doidões, barracões ... A pesquisadora, em seu artigo, sugere aos professores de Português que, em suas aulas, insistam no padrão -ao, -ões, limitando as outras possibilidades aos itens mais usuais no registro coloquial. Por que o aluno precisa decorar o plural de nomes como maçapão, desvão, gólfão ou bastião, se não vai utilizá-lo e nem tão pouco conhece o significado desses vocábulos? Ela faz uma lista reduzida de palavras com as quais mais convivemos, incluindo apenas: benção - bênçãos, cidadão - cidadãos, cristão - cristãos, grão - grãos, irmão - irmãos, órfão - órfãos, órgão - órgãos, são -sãos, vão - vãos. E cão - cães, alemão - alemães, pão - pães, capitão - capitães, escrivão - escrivães. Fonte Este texto faz parte da publicação da SEE-MG - Ensino Médio: os desafios da reforma (Coleção Lições de Minas, v. 16), Jan, 2002. * Mestre em Língua Portuguesa, doutoranda em Estudos Linguísticos, Professora do Departamento de Letras Vernáculas da Faculdade de Letras da UFMG. ** Pós-graduada em Língua Portuguesa, Coordenadora da Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Diretoria da Educação Média e Profissionalizante / SEE-MG. Veja também: Conhecimentos Lingüísticos Necessários à Produção Escrita - Parte II _________________________________________________________________ [crv_topo.gif] [crv_outra-janela.gif] [crv_voltar.gif]