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2:potencial de acção num neurónio – parte 1
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4-o sistema nervoso é constituído pelo cérebro, espinal-medula e nervos periféricos. em termos gerais, o cérebro é constituído pelo tronco cerebral, diencéfalo, hemisférios cerebrais e cerebelo. as unidades básicas do sistema nervoso são os neurónios e as células da glia. cada neurónio é formado pelo corpo celular, onde se localiza o núcleo, pelo axónio e pelas dendrites. no cérebro, os neurónios recebem informação de muitos neurónios e esta pode ou não ser transmitida para outros neurónios. um neurónio pode estabelecer sinapse com milhares de neurónios, integrando estes sinais eléctricos como se o seu corpo celular fosse uma calculadora. é como se somasse sinais excitatórios e inibitórios enviando uma mensagem para o axónio quando a soma destes é positiva. esta mensagem é propagada ao longo do axónio pela geração de potenciais de acção.
5:mas afinal o que é um potencial de acção? vamos voltar um pouco atrás, até junto do corpo celular, para compreender a natureza deste impulso nervoso. em situação de repouso, o neurónio possui um gradiente electroquímico dinâmico através da sua membrana plasmática, conferido pela diferença de concentrações de diversos iões dentro e fora da célula. apesar de outros iões influenciarem o potencial transmembranar daí decorrente, vamos dar particular atenção aos catiões potássio e sódio. em repouso, existe uma maior concentração de iões potássio e menor concentração de iões sódio no interior da célula. este gradiente de concentrações é gerado pela acção do complexo proteico transmembranar sódio/potássio atpase, que usa a energia do atp para bombear sódio para fora e potássio para dentro da célula. por outro lado, nestas condições, a membrana é mais permeável ao potássio do que ao sódio devido à presença de canais que se encontram abertos. esta permeabilidade selectiva da membrana faz com que o potencial de repouso possa variar entre -60 e -90 mv. quando um neurónio é estimulado, observa-se uma despolarização da membrana para potenciais mais positivos, seguindo-se uma repolarização que faz com que a membrana retome o potencial do seu estado de repouso. esta variação de potencial transmembranar origina e caracteriza um potencial de acção. (continua na parte 2)
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2:potencial de acção num neurónio – parte 2
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4:vamos agora detalhar um pouco mais a bioquímica por detrás do potencial de acção. no início de um potencial de acção ocorre abertura de um grande número de canais de sódio sensíveis à voltagem. isto permite uma súbita entrada de sódio causando uma rápida despolarização localizada da membrana plasmática, o que, por sua vez, faz com que mais canais de sódio abram. à medida que a membrana despolariza, regista-se também a abertura progressiva de alguns canais de potássio sensíveis à voltagem. em poucos milisegundos o potencial de membrana pode atingir +30 mv. nesta altura os canais de sódio sensíveis à voltagem começam a fechar, abrindo-se um número maior de canais de potássio sensíveis à voltagem. isto faz com que os iões potássio fluam para o exterior celular provocando a repolarização da membrana. este rápido fluxo de potássio causa hiperpolarização, aproximando o potencial de membrana do potencial de equilíbrio do potássio. no decurso desta repolarização os canais de potássio sensíveis à voltagem fecham por sua vez. o gradiente iónico é restabelecido muito pela acção da sódio/potássio atpase cuja actividade foi variando no decurso do potencial de acção. a presença de uma camada isolante de mielina ao redor de alguns axónios permite que a transmissão do potencial de acção ocorra mais rapidamente. a camada de mielina ao longo do axónio é descontínua, existindo pequenas zonas do axónio expostas ao meio extracelular (designadas por nódulos de ranvier) que possuem uma maior densidade de canais de sódio sensíveis à voltagem. isto permite uma mais rápida propagação do sinal de forma saltatória pelas regiões não mielinizadas. é assim possível que o impulso nervoso atinja a espantosa velocidade de até 100 m/s. ou seja, um potencial de acção desenvolvido, por exemplo, no hipotálamo, pode chegar ao pé em cerca de 15 milisegundos.