Tecnologias

Congestionamento em sites
Quem deixa o cadastro pela internet para a última hora corre o risco de perder a inscrição devido a sobrecarga no acesso

Chico Brinati
Repórter
08/09/2005

Segundo informação noticiada na última sexta-feira, dia 2 de setembro - prazo limite para inscrição do Vestibular da UFJF - alguns estudantes que deixaram para fazer a inscrição no último dia tiveram dificuldades ou, até mesmo, não conseguiram acessar o site da Universidade. Por este motivo, eles alegaram que não puderam se inscrever no Concurso.

O secretário de Imagem Institucional da UFJF, Márcio de Oliveira Guerra (foto abaixo), ressalta que o número de acessos foi muito alto nos dois últimos dias da inscrição, fato que, segundo ele, ocasionou o congestionamento no acesso ao cadastro. Os dados iniciais informam que foram, no geral, cerca de 45 mil boletos de inscrição impressos, sendo que no penúltimo e no último dia os números chegaram a quase dez mil.

A situação, que os estudantes passaram, é a mesma que milhares de brasileiros enfrentam, por exemplo, quando vão declarar imposto de renda ou cadastrar o CPF no site da Receita Federal. Os últimos dias sempre são os mais caóticos e o site de cadastro, simplesmente, não funciona! Mas, a que se deve o problema de congestionamento de sites que esperam grande número de inscrições ou preenchimento de cadastros? O problema poderia ser previsto pela equipe que coordena os sites?

Para o diretor técnico da ACESSA.com, Sérgio Guimarães de Faria (foto baixo), quando não se consegue acessar determinado site ou o mesmo está lento, o problema pode ser prevenido, sim. O passo inicial, segundo ele, é descobrir a causa.

"Já que é um ambiente de rede, podemos ter problemas nas pontas A e B e no percurso de ligação entre elas. O lado A seria o computador do usuário, que pode ter vírus, conexão de baixa velocidade, qualidade ruim, dentre outros. Isso é um problema localizado. Quando se trata em problemas que atingem uma parcela maior de pessoas, devemos analisar o lado B, que é o servidor do site", explica.

Para ele, é necessário prever o número de acessos com base nos dimensionamentos de anos anteriores e calcular as características e número de máquinas que irão atender o serviço. "Quantos servidores estão configurados para atender o número de acessos simultâneos? São suficientes? É preciso várias máquinas operando para suportar a carga elevada de conexões simultâneas", diz.

Além do número de servidores disponíveis, outro fator que pode prejudicar o acesso são os bancos de dados desses servidores, pois, se não suportarem o alto número de acessos, podem gerar uma fila de espera e tornar lenta a navegação.

O caminho percorrido entre as extremidades da rede, também, pode apresentar problemas. "As informações percorrem redes de telecomunicações distintas, os chamados backbones. Exemplo: uma pessoa acessa o site da UFJF de uma máquina Velox, da rede Telemar. Ela vai depender do desempenho da rede Telemar, da rede RNP (Rede Nacional de Pesquisa, que é a rede da maioria das universidades públicas e dos órgãos públicos), onde está ligado o canal internet que chega ao site da universidade, e da interconexão entre elas", relata.

Segundo ele, se em algum desses momentos citados houver o que chama de gargalo (número maior de acessos que a capacidade do canal, do tráfego dos bytes), o usuário também não terá acesso. Sérgio, também, não descarta alguma falha ou mau funcionamento que possa ocorrer fora do previsto, situações que ele classifica de imponderáveis no meio da informática.

Algumas dicas importantes
Segundo o diretor técnico da ACESSA.com, instituições como a UFJF deveriam fazer um acompanhamento desse processo de inscrição, "uma vez que é uma atividade cíclica, uma vez por ano, com análise de estatísticas, como o número de acessos simultâneos e o seu crescimento, alterações a serem feitas no futuro e comparação com dados históricos, pois disponibilizou apenas uma forma de se fazer as inscrições, pela internet".

Para evitar o problema ele sugere "aumentar o número de servidores disponíveis para suportar a capacidade de tráfego do canal de internet, criar canais extras, alternativos, chamados de redundância de canais, para as situações críticas, os casos extremos".

Sérgio também aconselha o usuário entrar em contato com o seu provedor, assim que perceber o problema. "Ele é um consumidor do serviço e quer condições de acesso satisfatórias. Assim, o provedor vai analisar se o problema está no seu computador ou na rede", completa.

Via internet
Para Márcio Guerra, a universidade estava devidamente equipada para fazer a inscrição e tomou as medidas cabíveis para evitar o problema. "Nós desligamos todo o sistema de rede interno da UFJF para aliviar o fluxo das inscrições, mesmo assim, houve uma sobrecarga", informa.

Este é o segundo ano que a inscrição do Vestibular da UFJF é feita pela internet. Márcio diz que no ano passado não houve problemas de sobrecarga de acessos, apenas um mal entendido. "Aconteceu uma confusão no entendimento das pessoas em relação às datas, pois o edital previa inscrições até determinado dia, sendo que a data limite para pagamento dos boletos era até o dia seguinte", diz. Alguns alunos entraram na justiça e conseguiram o direito de se inscreverem depois.

Para esse ano, a universidade aumentou em uma semana o período de inscrições e praticou uma divulgação massiva, em vários veículos de comunicação, de acordo com Márcio. "A UFJF sempre busca aperfeiçoar o seu sistema, o que nós não aceitamos é a transferência do problema de 'deixar para a última hora' para a universidade como se ela fosse a errada na história", comenta o secretário.



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