junho 2006 Archives

União

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As ruas da Alemanha -- QUALQUER rua em que tenha comércio -- estão repletas de TVs de plasma. São telas e mais telas dos melhores televisores na porta de qualquer muquifo.

O país está em funcão da Copa, empolgados com o crescimento do próprio time, chegando a reunir 700 mil pessoas no portão de Brandemburgo, em Berlim (uma cidade de apenas 3 milhóes de habitantes), pra comemorar a vitória sobre o Ecuador.

Devido ao envolvimento em duas guerras mundiais, o povo alemão carrega muitas culpas. Nazismo, holocausto e invasões territoriais ainda povoam o imaginário coletivo. E não apenas o local.

Por isso, uma multidão gritando “Alemanha!” pelas ruas permanecia um tabu, capaz de dar calafrios em toda Europa. Além disso, num país recentemente reunificado (há apenas 16 anos), esse sentimento de unidade é uma novidade.

Sob a justificativa da Copa, essa é a primeira vez que os alemães se sentem confortáveis pra fazer isso. É um grito de alegria e, ao mesmo tempo, um desabafo, entalado. A motivacão da multidão que se junta para celebrar cada triunfo passa, também, por aí.

Enquanto o Brasil só agora, após atropelar o Japão, encontra motivos pra comemorar, a Alemanha está em festa há muito tempo. Pra eles, a Copa em si é motivo suficiente.

Ecoando

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O primeiro corte do "Dub Echoes" está, finalmente, pronto. Ainda é um rascunho, sem imagens de apoio (shows, ruas da Jamaica e Inglaterra, capas de disco, etc), somente as entrevistas.

Editadas a partir de 48 horas de material, o esqueleto do documentário está com 3h de duração, que irá gerar duas versões: uma de aproximadamente 1h30 (para lançamento em DVD) e outra de 52 minutos, para TV e, talvez, internet.

A previsão é de que até o meio de julho a primeira versão do filme esteja pronta, inclusive um trailer pra começar a divulgar.

Respeito

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Englischer Garten, Munique

Primeiro foram os croatas. Depois os australianos, que mesmo após a derrota, continuam com piadinhas sobre a Seleção nas ruas. Bastou dois jogos pra perderem o respeito pelo nosso time aqui na Alemanha.

Deixe estar. A Argentina queimou a largada, o Brasil está numa linha ascendente e vai dar tudo certo.

Enquanto os jogos não confirmam as teorias, três dicas pra ficar milionário na Alemanha:

1 - Fabricar garrafas de cerveja com tampa de rosca. Não existe aqui, incrível.

2 - Abrir uma firma de instalação de ar condicionados. Quase nenhum hotel tem. Tudo bem, é frio pacas a maior parte do ano, mas em compensação, é um calor sinistro no verão.

3 - Vender cerveja gelada. Vai revolucionar o mercado local.

Informando

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Voltando ao assunto, dessa vez pra avisar que o documentário "Desconstrução" será exibido nesse domingo, no Multishow. Boa oportunidade para quem não assistiu e estiver a fim de ver.

Obs: desculpe a falta de acentos, teclado alemao nao tem nem "control", pra se ter uma ideia.

Casa nova

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Após seis anos a Folha de S.Paulo a coluna de Lúcio Ribeiro está de casa nova.

A Popload passa agora a ser publicada no portal IG, em novo formato, com novos recursos e atualização mais dinâmica. Já tonelada de novidades sobre o universo pop, continuará a mesma.

Estréia

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Os 10 jogadores que entraram em campo, mais o visitante

"Camisa feia
de quadradinho
todo croata que eu conheço é viadinho!"

Em poucos dias por aqui, uma certeza: o Brasil não tem a MENOR condição de sediar uma Copa tão cedo. Se realmente a de 2014 for em casa, é quase certo de ser um desastre. É muita gente nas ruas, se locomovendo, passeando, comendo, assistindo jogos... Organização que, infelizmente, estamos longe de ter.

É verdade que, aqui e ali, os alemães também cometem suas falhas. Apesar da língua difícil, pouca gente fala inglês. Funcionários da organização se embolam pra dar informações simples, seja sobre as linhas de metrô ou até mesmo números. Também não há sinalização em outra língua que não o alemão, restando aos torcedores decifrar a as frases pra consegui se virar. O que não deixa de ser divertido.

A torcida brasileira aqui na Alemanha é uma piada, só tem torcedor de TV. Enquanto os croatas cantavam sem parar no Estádio Olímpico de Berlim, entre os brasileiros ninguém torcia, ninguem gritava, mal comemoraram gol. Vergonhoso. Mas o jogo foi 1x0, "o time conquistou os três pontos" e é o que, no momento, interessa.

Só na chegada ao estádio, caiu a ficha: carái, tô na Copa do Mundo! A sensação de estar exatamente no lugar pra onde o país inteiro estaria olhando naquele momento, na cabeça as imagens das ruas lotadas, do Brasil parado, dos amigos se reunindo pra assistir o jogo. E eu ali, ao vivo.

Desde moleque, sempre quis ir a uma Copa. Planejei várias vezes, mas sempre acabava não concretizando a viagem. Já fui torcedor de ir ao estádio toda semana, de chorar quando o Flamengo perdia, saber escalações e histérias de uma pancada de times. Isso passou, muito por conta da decadência dos campeonatos brasileiros. Meio que esqueci até da idéia de um dia ir à uma Copa.

Quando a Seleção entrou e tocou o hino, emocionado, comecei a chorar igual uma criançaa. Lembrei do quanto, um dia, sonhei estar exatamente ali. Um sonho tão antigo que eu nem lembrava que era meu.

URBe na Copa

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O URBe está na Alemanha. A idéia é escrever daqui o máximo possível, fugindo das obviedades da Copa. Sempre lembrando que o "máximo possível" é um conceito relativo. Só pra garantir, antes de viajar, deixei algumas atualizações prontas, pra manter a banca funcionando.

No Bad Trip haverá um blog coletivo sobre a Copa com o qual pretendo colaborar.

De resto, olho nas arquibancadas. Vou estar de amarelo.

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Coquetel Acapulco

Audio Rebel (Rua Visconde Silva, 55, Botafogo)
Coquetel Acapulco, Set-Setters, Petit-Gâteau, Aspas e Hitlist
23 de julho (domingo)
17h
R$8,00

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Centro Cultural Telemar
Duplexx
20 de julho (quinta-feira)
19h30
R$ ?

Ela voltou

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foto: Dávila Pontes/divulgação

Terça-feira, o Los Hermanos comemorou o show de número 500 da carreira. Foi festa pra poucos, apenas 2 mil ingressos, 2/3 da capacidade total do Circo Voador, foram colocados à venda. Prática, aliás, que poderia se tornar praxe. Mais do que isso é um exagero, que faz bastante gente não conseguir sequer ouvir o show, como foi o caso da Nação Zumbi, na sexta passada.

Os fãs, claro, compareceram, afinal faz tempo que o LH não toca pra um público tão "pequeno" no Rio. A arena e as arquibancadas abarrotadas, universitários em sua maioria, berrando as letras, parece emular o clima dos festivais da canção. Ou pelo menos, pela faixa etária, a descrição que se conhece desses festivais.

Quem vai a um show do Los Hermanos hoje, sai de casa com essa idéia na cabeça: "vou cantar todas as letras, bem alto". Essa catarse coletiva passou a fazer parte do espetáculo, tanto é que a banda deixa espaços e mais espaços nas letras, virando o microfone para frente para o público completar.

Além do vocal, fica difícil também ouvir os detalhes das músicas, mesmo num show para um público reduzido. É muito bom pra banda, imagina-se. Mas é também uma pena pra quem gostaria de ouvir o Los Hermanos, e não o seu público, tocando.

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Depois de um show que enfileirou as músicas do "4" e mais algumas de "Ventura" e do "Bloco do eu sozinho", a surpresa veio no bis. "Anna Julia", a canção-chiclete que catapultou a carreira dos Hermanos e que raramente é tocada, abriu a parte final da apresentação.

O LH é criticado por alguns, dizendo que a banda nega seu maior sucesso. A verdade não é bem essa. Foi uma estratégia, uma maneira de não desgastar a banda ao ponto de ninguém mais ter paciência ou boa vontade de escutar o que quer que viesse depois de "Anna Julia".

De vez em quanto a música aparecia em shows, geralmente no interior do país. De uns tempos pra cá, como indica as listagens no saite da banda, tem tido presença mais frequente no repertório. Ótimo, "Anna Julia" é muito boa, transcendeu estilos e foi regravada até por grupos de axé e sertanejo.

As férias forçadas parecem ter dado certo. Ao invés de insuportável, "Anna Julia" virou motivo de orgulho para os fãs. Como se fosse sinônimo de apresentação em que a banda está realmente à vontade, os celulares não pararam: "tá tocando Anna Julia!".

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Centro Cultural Telemar
Multiplicidade
com Sonic Jr. e Raul Mourão
06 de julho
20h
R$ (?)

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Estrela da Lapa
B.E.M.
DJ Lucio K + Live PA Ricardo Imperatore, Marcos Cunha e Bob Roq + VJ Tatavo.
06 de Julho (quinta)
22h
R$ 30, R$ 18 (150 primeiros ou com filipeta impressa)

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Teatro Odisséia
Reggae B
todas as terças de julho, com convidados
22h
R$ 15

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Casa da Matriz
Digitaldubs
todas as quartas de julho, com convidados
23h
R$ 16, R$ 12 (com filipeta)

PHUNK-JUNHO-frente.GIF

Bola Preta (Rua 13 de maio, 13 / 3° andar)
Phunk!
com a Equipe de Som Classe A (DJs Saens Pena, Coisa Fina e VJ Simpla)
+ convidados: SozalesDub (reggae, dancehall, dub), Pedrão Selector (trompete) e Milena Sá (VJ)
15 de julho (sábado)
23h
R$ 12, R$ 10 (até meia-noite)

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Fosfobox
Jamaica Hi-Fi
13 de julho (quinta) - Chicodub, Dani Roots (Roots Combo) e Jon Bless (Moa Ambessa Sound System)
27 de julho (quinta) - Chicodub, Dani Roots (Roots Combo) e Urcasônica Sound System
23h
R$ 20, R $15 (com filipeta), $10 (enviando seu nome para chicodub@gmail.com)

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Casarão Cultural dos Arcos
Pupila - Media Jockeys Experience
com: Apavoramento, Embolex
22 de julho (sábado)
11h59
R$15, R$12 (com filipeta)

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Circo Voador
Tom Zé
abertura: Satanique Samba Trio
15 de julho (sábado)
22h
R$ 30, R$ 15 (estudantes)

Mais Chico

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Hoje saiu uma matéria bacana, do Leonardo Lichote, sobre o documentário "Desconstrução, no Globo Online.

Ricardo Calil resenhou o documentário no saite No Mínimo.

Nas sombras

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Estão dizendo por aí sobre o TIM Fest 2006:

DJ Shadow (prestes a lançar, "The outsider", seu terceiro disco), Yeah Yeah Yeahs, Clap Your Hands Say Yeah e Devendra Banhart.

Finalmente

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No camarim do Circo, Mombojó fala do show no Rio

Dois anos e cerca de seis shows depois, o Mombojó finalmente chegou ao Rio de Janeiro. No show de sexta-feira, no Circo Voador, os recifenses tiveram a recepção mais calorosa do público carioca desde o lançamento de "Nadadenovo".

A confusa fila de entrada fez bastante gente perder o ínicio do show. O motivo do tumulto, de certa maneira, é positivo: a apresentação começou as 23h30, cedo para os padrões do Circo e do Rio de maneira geral, pegando de surpresa o pessoal que tomava cerveja do lado de fora e os que deixaram pra chegar mais tarde. Fica a lição para os atrasildos e a esperança de que a moda de seguir os horários pegue.

Por ter começado mais cedo do que se esperava, o Mombojó tocou para um Circo bem cheio, mas não abarrotado, como ficaria durante o show da Nação. Foi melhor assim. Mais tarde, cheio além da conta, parte do público ficou impossibilitada de assistir ao show. Teria sido uma pena perder o Mombojó também.

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O reino da alegria

A quantidade de pessoas no Circo tão "cedo" era mostra de que aquele era público do Mombojó, não apenas seguidores da Nação dispostos a conferir a atração de abertura. Isso se confirmou através dos coros da platéia, principalmente durante as músicas do primeiro disco, como "Faaca", "A missa" e, claro, "Deixe-se acreditar" e seu refrão "esse é reino da alegriaaaaa".

O vocalista Felipe S, um dos únicos de pé no palco (dos sete integrantes, quatro tocam sentados), regia o público. Mesmo assim, as músicas do recém-lançado "Homem-espuma" foram mais observadas do que cantadas pelos fãs.

Em "Tempo de carne e osso", Felipe convidou a cantora Céu -- que esteve na passagem de som, à tarde -- para repetir o dueto do disco, mas ela inexplicavelmente não compareceu e o cantor teve que levar a música sozinho.

Apesar da gafe, o momento serviu para mostrar o quanto a voz de Felipe se desenvolveu. Não apenas ele está cantando melhor, como utiliza o microfone com mais eficácia. E não é só ele, a banda toda evoluiu, algo que as próprias músicas do "Homem-espuma" denunciam e que ficou comprovado ao vivo.

A guitarra baixa prejudicou a pancada de algumas canções. Ainda assim, "Saborosa", "Fatalmente", "Novo prazer", "Pára-quedas" e outras novas soaram tão bem quanto gravadas.

Se o ótimo segundo disco era boa notícia o suficiente, a boa atuação ao vivo soprou pra longe qualquer dúvida que eventualmente ainda pudesse existir em relação à banda.

Está mais certo do que nunca, o Mombojó veio pra ficar.

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A maldição do segundo disco é um fantasma conhecido de bandas que chamam atenção logo na estréia. Como fazer um disco tão bom quanto o primeiro, quando se teve toda a vida pra pensar, em um espaço curto de tempo, geralmente dois anos?

A resposta exata continua uma incógnita. Seja como for, o Mombojó conseguiu. Com folga. "Homem-espuma", sucessor de "Nadadenovo", é melhor que o primeiro.

As quebras de andamento estão lá, as mudanças de estilo na mesma música, as influências de jovem-guarda, rock dos anos 60, psicodelia, eletrônica e todo o resto também. A diferença é que estão mais bem equilibradas, misturadas de uma maneira que mostram o Mombojó evoluindo em direção a um caminho cada vez mais próprio, em que essas referências deixam de ser tão claras e passam a ser uma coisa só.

Eles tocam hoje (2 de junho) no Circo Voador, junto com a Nação Zumbi. Como na época do lançamento do primeiro disco, em 2004, o URBe conversou, por e-mail, com alguns integrantes da banda.

Chiquinho (teclado, sampler), Marcelo Campello (violão, escaleta) e Marcelo Machado (guitarra) falaram sobre o processo de produção de "Homem-espuma".

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O que mudou de do primeiro disco ("Nadadenovo", de 2004) para esse "Homem-espuma"? Dá pra traçar paralelos e fazer comparações?

Marcelo Campello - Dá. O primeiro disco hoje me soa um pouco como uma coletânea de referências explícitas, quase uma busca juvenil por identidade. Agora, as referências estão mais diluídas, abandonamos trabalhar "gêneros musicais", desaguando num trabalho mais autoral dentro da perspectiva da MPB.

Chiquinho - A gravação teve bem menos participação do computador como meio de edição, o que deixou mais à mostra um Mombojó ao natural, com nossos erros e acertos.

Marcelo Machado - O que mudou foi o acesso aos equipamentos que nós tivemos. Por exemplo, enquanto no primeiro disco nós usávamos um programa de computador que simulava o som de tal equipamento, no segundo nós tivemos acesso ao equipamento original, o que foi muito bom para a sonoridade do disco.

Algumas das músicas novas já vinham aparecendo em shows há um tempo. Em algum momento vocês pararam pra compor o disco ou as músicas foram surgindo aos poucos? Como foi a elaboração do disco?

Chiquinho - Tem uma música muito antiga, “Realismo convincente”, uma das primeiras músicas que a gente fez, bem antes do “Nadadenovo”, mas que só veio ser gravada agora. O resto foram algumas músicas não tão novas e outras mais recentes, arranjadas já com a cabeça no segundo disco.

Marcelo Machado - Algumas músicas nós já tínhamos feito e tocávamos em shows como forma de testar como elas funcionariam ao vivo. Outras foram compostas em ensaio, pouco antes de gravar o disco. “Saborosa”, “Pára-quedas” e “Minar” são exemplos destas.

Marcelo Campello - Em um [dado] momento paramos para arranjar as idéias que surgiram nesse meio-tempo. Temos o costume de tocar os trechos em loop até que cada integrante sinta-se confortável com seu encaixe. As músicas chegaram bem encaminhadas ao estúdio, os timbres já direcionados e os arranjos fechados. O que fizemos então foi um lapidar sutil.

Tiveram sobras de estúdio? Qual foi o critério de escolha, tem algum "tema" condutor?

Chiquinho - A gente tinha 15 musicas e três vinhetas antes de começar a gravar.

Marcelo Machado - Não tivemos sobras de estúdio. Na verdade deixamos de gravar uma música que tínhamos no repertório por ser mais acessível gravar 14 músicas ao invés de 15.

Marcelo Campello - De estúdio não, pois o tempo foi bem coordenado. Mas de repertório sim, sempre sobram muitas músicas. Não houve um tema condutor consciente, mas dá pra traçar uma fixação na idéia de "outro ar ao acordar" e "o bem está comigo enfim".

O primeiro disco foi muito bem recebido. Vocês sentiram alguma pressão ou ansiedade pra fazer esse segundo?

Chiquinho - Outro dia eu li uma coisa no jornal falando que tava pra sair o esperado segundo disco do Mombojó. Confesso que também fiquei ansioso.

Marcelo Machado - Não sentimos a pressão por considerarmos o segundo disco uma continuação do que começamos a fazer no primeiro, ou seja, música confortável para ouvir.

Marcelo Campello - Eu não. Não acredito em expectativas.

Dessa vez vocês gravaram em São Paulo em vez do Recife. Qual a diferença? Estar longe de casa interfere em alguma coisa?

Chiquinho - Acho que esse lance da geografia não interfere muito não... Se bem que São Paulo é bem mais frio que Recife, a gente acaba ficando mais tranqüilo com isso. Foi bacana poder trabalhar com gente nova que a gente não tinha tanto contato, são outras cabeças a nosso favor.

Marcelo Machado - Nós fizemos o segundo disco em São Paulo, mas em um clima muito família, pois toda a equipe do estúdio começou a conviver o dia a dia de uma forma muito boa. O entrosamento dentro de estúdio foi muito bom e importante para o desenrolar das gravações.

Marcelo Campello - A diferença foi ter acesso a equipamentos de ponta, dispensar simuladores e trabalhar com originais. Para mim, estar longe de casa não interferiu. Minha casa é meu corpo.

Lançado de forma independente, "Nadadenovo" foi bem, vendendo cerca de 10 mil cópias (o número é esse mesmo?). A tiragem de "Homem-espuma" não mudou muito, foram 5 mil cópias. O que mudou com a ida pra Trama?

Chiquinho - A grande diferença é que em São Paulo a gente pode contar com uma estrutura de apoio da Trama que a gente não tinha, o que acabou facilitando um pouco a vida da gente. Agora a gente tem um monte de profissionais que trabalham com a gente nas mais variadas atuações: marketing, imprensa, TV e rádio, etc.

Marcelo Campello - Esses números não sei te confirmar. Mudou que agora contamos com uma estrutura para lidar com os assuntos que antes tínhamos que fazer por nós mesmos, sem um conhecimento para tal.
Eles traçam uma estratégia de imprensa de forma que demos muitas entrevistas para veículos de todo o país num curto prazo; esse tipo de articulação nós não tínhamos. Também contaremos com uma distribuição melhor do disco.

Pelo currículo mais focado no hip hop, o nome de Ganjaman (Instituto) como produtor causou surpresa. Chegou a falar-se em Kassin e Arto Linday para produzir algumas músicas, mas acabou não acontecendo. Como foi essa escolha?

Chiquinho - Ganja sempre foi uma referencia muito boa pelas suas produções no Instituto, além de ser um musico incrível. A gente precisava de alguém que nos fosse accessível e que já estivesse familiarizado com o tipo de som que a gente queria tirar.

Marcelo Campello - Foi prática. Ganja mora em SP e mostrou-se dinâmico no estúdio, precisávamos disso pelo curto prazo que tínhamos para gravar o disco.

E como foi trabalhar com Lúcio Maia (que produziu três faixas)? É uma interação de gerações do mangue interessante.

Chiquinho – A gente gosta muita dessa idéia de não concentrar a produção de um disco nas mãos de uma única pessoa. Lucio já tinha gravado dois discos lá no estúdio da Trama e tá começando a trabalhar com outras coisas extra Nação Zumbi, o que nos alertou pra mais essa possibilidade.

Marcelo Campello - Ele tem uma visão muito boa de processar efeitos ao vivo interagindo com a interpretação dos músicos. Também acho que ele soube valorizar bem a parte mais acústica do grupo.

O som do Mombojó parece tão bem resolvido e pensado que não deixa muito espaço pra mão do produtor. Qual foi o papel deles efetivamente no disco?

Chiquinho - É sempre muito difícil resolver as coisas quando se têm sete cabeças pensando juntas. É muito importante ter uma visão de fora pra dar uma organizada na casa.
Somos todos muito novos, temos muita idéia na cabeça, mas precisamos de gente mais entendida que nos mostre os melhores caminhos pra chegar onde a gente quer. Ganjaman é muito bom nisso.

Marcelo Campello - Foi de um lapidar sutil. Se chegamos com um timbre a 80%, eles captavam a idéia e sugeriam o mais exato.

O disco está cheio de participações, tem Tom Zé ("Realismo convincente"), Fernando Catatau ("Swinga") e Céu ("Tempo de carne e osso"). Como surgem esses convites? As músicas são feitas com isso em mente ou a idéia vem depois?

Chiquinho - Isso é o tipo da coisa que sempre aparece muito ao acaso.

Marcelo Campello - Tom Zé é artista da Trama e estava lá no dia em que gravávamos uma música durante a qual fazíamos uma citação à "Tô", nos shows. Pela coincidência, tomamos coragem e o convidamos. E ele topou na hora.

A internet teve um papel importante na divulgação do primeiro disco do Mombojó. Coisa que, aliás, não é mais novidade pra banda nenhuma. Ao contrário do primeiro disco, "Homem-espuma" até agora não está no saite de vocês. Dessa vez vai ser diferente?

Chiquinho – Não, muito pelo contrario, queremos e temos apoio da Trama pra usar muito mais da Internet. Só não estamos disponibilizando ainda porque tivemos um problema na atualização do novo site. Mas em breve vai estar lá. Pra que tá muito na pilha, outro dia eu vi um link no Orkut que já tinha o disco todo disponível. Tá valendo também.

Marcelo Campello - Será igual. Em junho teremos esse site no ar com todos os MP3 para download grátis, registrados em copyleft, e algumas faixas abertas para remix para quem
quiser.

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