Oxigenados na Gasolina ADIÇÃO DE COMPOSTOS OXIGENADOS NA GASOLINA E A EXPERIÊNCIA DO PROÁLCOOL A partir de 1931, o uso de AEAC (álcool etílico anidro combustível) passou a ser obrigatório em toda gasolina comercializada no país, inicialmente em uma proporção de 5% v/v. Esta percentagem variou ao longo dos anos devido a alterações promovidas nas diretrizes políticas energéticas e, também, em função dos preços do açúcar e do álcool no mercado externo. Sob a orientação do governo, esta mistura era adotada apenas quando os preços dos mercados de açúcar (externo), de melaço e de aguardente (internos) encontravam-se abaixo do esperado pelos produtores. Com isto, o uso do álcool carburante acabava funcionando como um regulador do mercado externo (SILVA SANTOS). Em 1966, a legislação foi modificada elevando o limite de adição do álcool de 5 para 10% v/v. Logo após a primeira crise do petróleo, várias foram as medidas adotadas para reduzir o déficit da balança comercial brasileira e dentre os programas propostos na época, a substituição da gasolina como combustível, em veículos leves, por uma fonte renovável e nacional ¾ o AEHC (álcool etílico hidratado) ¾ foi considerada a solução brasileira para a crise do petróleo (GIANNINI). Em 1975, foi criado o Programa Nacional do Álcool - PROALCOOL. Apesar do aumento da frota de automóveis, em 1984-1985, esta não era suficiente para consumir todo o álcool produzido. A PETROBRAS iniciou, então, um programa de pesquisas objetivando avaliar o impacto do aumento do teor de AEAC de 13% para 22% v/v. O cumprimento deste último não era obrigatório, apenas uma sugestão como limite máximo admissível. Isto provocou uma reação imediata da indústria automobilística representada pela ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), exigindo o estabelecimento de um teor fixo e constante a longo prazo, para que os veículos novos pudessem ser otimizados para a mistura álcool-gasolina (MURTA VALLE). No final da década de 80, o programa foi violentamente atingido por uma redução na safra de cana-de-açúcar aliada ao excesso de carros a álcool em circulação. Isto provocou uma falta generalizada do produto no país, havendo um grande impacto sobre a credibilidade do programa como um todo. Naturalmente, a venda de veículos a álcool foi atingida, ocorrendo uma queda vertiginosa nos últimos dois anos da década. Em decorrência desta crise, o patamar de 22% estabelecido no início da década de 80 para o teor de álcool foi, em 1990, reduzido para 13% v/v e, em algumas regiões, inteiramente suprimido (DAMASCENO). A situação quanto ao percentual de álcool anidro na gasolina se manteve confusa até 1994, quando foi, novamente, oficializado o teor de 22% v/v de AEHC conforme demanda dos produtores de veículos. A legislação que definiu este valor foi alterada em 1997 para 24% v/v de AEAC e, em novembro último (1999), para 26%, embora argumente-se que os motores de gasolina atuais já estejam preparados para suportar uma adição de 30% de álcool (PETROBRAS). No Brasil, o metanol teve o seu uso como combustível oxigenado alternativo na crise do álcool de 1989. Nesta época, além da redução dos teores de álcool anidro que era adicionado à gasolina o DNC ( Departamento Nacional de Combustíveis ) sugeriu um novo combustível que deveria ser usado pelos veículos movidos a álcool hidratado. Este combustível foi denominado MEG ( 60% v/v de etanol + 33% v/v de metanol + 7% v/v de gasolina ). O MEG chegou a ter seu uso aprovado na cidade de São Paulo, onde os problemas de controle de poluição são críticos, com a intenção de implementá-lo nas demais cidades. O programa sofreu toda a sorte de pressões ( uma das alegações foi que a manipulação do metanol é perigosa ) e acabou sendo abandonado até mesmo na cidade de São Paulo. Com este programa pretendia-se economizar 4 bilhões litros de etanol/ano. Apesar da divergência de opiniões, todos os envolvidos neste processo são unânimes em assumir que a adição de etanol nos combustíveis foi um avanço, primeiro por promover a redução nas emissões automobilísticas de enxofre, CO e particulados e, em segundo, por ratificar a substituição do chumbo tetraetila da gasolina (em 1988), como booster de octanagem, devido a questões ambientais (MURTA VALLE). Contudo, mesmo após mais de duas décadas, o emprego de etanol como combustível está longe de ter uma política definida, por sobrecarregar , de uma forma ou de outra, todos os setores envolvidos (GIANNINI). MURTA VALLE, Maria Letícia. Adição de compostos oxigenados na gasolina e no diesel - experiência brasileira. Simposio de Analisis y Diseño de plantas Quimicas, 3 a 4 de novembro de 1998, Cuba. DAMASCENO, C. F., FALCON, A. M., RANGEL, G. N. Efeito da redução do teor alcoólico da gasolina nos veículos da Ford do Brasil e Volkswagen do Brasil. LUBRIZOL, Relatórios Internos (1988). ___. Gasolina barata. Revista Brasil Energia, N^o 221, p50, Abril 1999.